Transcripción del dialogo de Mestre Pastinha en su LP "Mestre Pastinha Eternamente"

Pista 01:

Eu me chamo Vicente Ferreira Pastinha, eu nasci pra Capoeira!
Só deixo a capoeira quando eu morrer…
Eu amo o jogo da capoeira e não há outra coisa melhor na minha vida, no resto da minha vida que seja a capoeira!

(...)

…Hoje eu estou com 79… Óia, minha vida é uma vida muito atrapalhada pra eu contar, mas tem centenas de pessoa, milhares de pessoas que me conhece, que já me acompanharam de infância e que vem me acompanhando poderá dizer alguma coisa. Todos eles que quiser dizer alguma coisa sobre minha biografia, pode dizer quarquer coisa, eu aceito toda e quarquer.
Agora tem uma coisa, num fui bobo!
Na roda de capoeira, Eu num fui bobo…




Pista 02:

Na mandinga num fui bobo não, viu?
Agora pra eu dizer, pra eu contar assim, eu num vou contar nada porque… Se eu contar fica uma coisa muito longa… que parece que eu estou no céu.

(...)

Muitas disorde que o capoeirista fazia não era propriamente por ele, era também provocado. Porque se estava numa vadiação, em um grupo com um berimbau, num é, na mão, eles passava, entendia de querer tomar, pra quebrar… Aí inflamava, num é?
O íntimo do capoeirista não queria perder seu instrumento, num é?
Então o que nóis tinha que brigar…
Um instrumento, por exemplo, como a, o Berimbau, né somente intrumento –agora vou aproveitar e dizer alguma coisa… – né somente instrumento.
Muita gente tem que é o instrumento Berimbau!
Berimbau, Berimbau…

Berimbau é música, é instrumento




Pista 03:

Berimbau é música, é instrumento, música.
Támbem é instrumento ofensivo que… ele na ocasião de alegria é um instrumento, nós usamos como instrumento e na hora da dor ele deixa de ser instrumento pra ser uma foice de mão…




Pista 04:

Eu vou contar…
No meu tempo eu usava também uma ‘foicizinha’ no tamanho de uma chave. A foice vinha com um corte e um anel pra encaixar no cabo. Mas eu como era muito bondoso, era muito amoroso, né, pra´queles que quisesse me ofender, eu então mandava abrir outro corte nas costa. Se eu pudesse eu mandava abrir outro mais!
Num é, mas num podia… mandava abrir outro corte, ficava dois corte.
E na hora desmanchava o berimbau encaixava a foice e eu ia manejar, num é.
Porque o capoeirista tanto ginga, como pula, ‘ropia’, ‘ropia’, e como também ele "sanga" (?) e como defende-se também.
O capoeirista tem a mentalidade pra tudo.
E quanto mais o capoeirista carmo melhor para o capoeirista.

(...)

mais vontade (?)
O capoeirista num deve ser afobado!
O capoeirista num deve provocar!
O capoeirista não deve fazer certas coisas!
No meu tempo, eu era capoeirista. Também tinha capoeirista que andava torto, mas torto, como a natureza não fez ele! Porque ele pegava um lenço, botava no pescoço, um lenço grande, uma calça boca, que dava trinta centímetros de boca, chinelo de chagrin, né, chapéu jogado do lado,aí ele saía todo torto, ou do lado esquerdo, ou do lado direito, conforme ele tivesse a, o jeito né, se ajeitava nisso…
E andava pelo meio da rua, com aquele gingado né…
Só a calça parecia, a boca da calça parecia uma saia!
Mais uma saia do que calça.
Capoeirista tinha tudo isso naquela época, né?
Capoeirista se prestava naquela época pra muita coisa. E eu admiro hoje se o capoeirista se prestar pra certas coisa!





Pista 05:

Eu sou um dos exemplo do passado!
Aqui tem muitos veteranos!
Velho mesmo!
Capoeirista veterano, mais idoso do que eu!
Menino da menina dos meus olhos, capoeirista!
Eu tinha aqui um aluno por nome ‘Aberrê’, esse foi meu aluno e era afilhado do mesmo padrinho meu… Morava na ladeira do São Francisco, e eu morava na ladeira do Monturo. Eu levava, ele ia lá pra casa pra eu ensinar ele a jogar capoeira, quando eu dei baixa…

(...)

Tive um amigo que me chamo pra eu tomar conta de uma casa de jogo. Eu fui ‘tomá’ conta dessa casa de jogo. Tinha necessidade de ir ao chefe de polícia pra tomar uma licença, pra poder abrir a casa, eu fui. Me levaram lá o dotô Alvaro Cova. Quando eu entrei, estou na casa do dotô Alvaro Cova…
-Doutor, é este o rapaz que vai tomá conta da casa do jogo…
Aí ele olhou assim pra mim, me olhou todo de cima a baixo, com desdém, aí foi e disse:
-Esse, esse garoto que vai tomar conta da casa de jogo?!
Isso é um fedelho!
Vai tomar conta de uma casa de jogo?!
Meu camarada disse:
-É, mas é esse mesmo que eu quero.
-Mas esse ‘mininu’ não pode tomar conta de uma casa de jogo!
Ele disse:
-É doutor, esse é ‘mininu’, mas é esse mesmo que eu quero.
Aí o doutor se conformou, num é, em dar a licença. Aí virou pra mim e disse:
-Como é seu nome?!
Eu disse:
-Vicente Ferreira Pastinha.
Suspendeu a carteira e tirou as carta toda, e disse:
-É você que é o ‘valentinhozinho’ que eu tenho aqui no meu distrito, num conhecia você!
Só de carta de queixa, né…
Eu aí digo, cá comigo né, eu digo‘pronto, tou, tou preso é?

(...)

No Gengibirra, tinha um, a, um grupo de capoeirista. Só tinha Mestre!
Os maiores Mestres daqui da Bahia!
Todo domingo tinha ali uma capoeira que só ia alí Mestre!
Num tinha nada de aluno, era Mestre!
E esse ex-aluno meu, ‘Aberrê’, fazia conjunto lá.
Então os Mestres lá procuraram saber, querer me conhecer!
Perguntou ao Aberrê quem tinha sido o Mestre dele.
Ele deu meu nome.
-Traga esse ‘homi’ aqui que ‘nóis’ precisamos conhecer ele!
É tão falado, é tão bom capoeirista. Traga ele aqui pra gente conhecer.
O Aberrê me convidou pra eu assistir ele jogar, no dia de domingo. Quando eu cheguei lá procurou o dono da capoeira, que era o ‘Amorzinho’, era um guarda civil.
E o ‘Amorzinho’, o ‘Amorzinho’ no apertar da minha mão foi e me entregou a Capoeira pra eu tomar conta…”

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